quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sociedade dos Ciborgues - Conto - Ficção Científica



Sociedade dos Ciborgues
(Boris de Pedra)
1.
Ainda faltava alguns minutos para a meia noite de 25 de junho de2037.Esta data já não era mais válida, mas ainda utilizada pelo quehavia sobrado dos seres humanos. Ou ao menos o que restou da lembrando que teriam sido.
A vida orgânica como a conhecíamos no início doséculo XXI havia acabado. O futuro agora era apenas uma palavra  que pertencia ao passado. Sendo que este já havia sido, literalmente,deletado.  O Mundo passou a ser habitado por seres sintéticos.
A inteligência artificial gerou a vida e neste novo cenário o ser humano não era mais o protagonista da nova era de prosperidade que se instalou. A civilização, após seu apogeu, havia chegado ao fim. Tudo começou quando um neurocientista na última década do século XX começou a pesquisar o genoma humano. Em pouco tempo, o Doutor Silício,conseguiu fazer a leitura do DNA.
Não satisfeito com os avanços conseguidos e movido pela ambição e aganância resolveu trabalhar com a biologia sintética. Aquilo despertou a cobiça de um conglomerado industrial que decidiu patrocinar os estudos do pesquisador. Por meio da manipulação da mídia no fim do ano de 2012 começou a neoplastia nanotecnológica da população mundial.
Criaram uma fantasia para que o sonho maligno pudesse se tornar uma realidade.Uma bactéria foi criada em um laboratório e logo se espalhou pelo ar.Toda a população foi contaminada. Entretanto, apesar dos sintomas como febre e dores no corpo, a ação era passageira. Isto porque o corpo humano produziria anticorpos necessários para combater a enfermidade.
No entanto, foi por meio deste artifício que os seres humanos passaram a trazer dentro do seu corpo uma nova célula que possibilitou o monitoramento de todos. A população foi cedendo aos estímulos criadospara que pudessem viver dentro de uma ilusão que havia sido criada.
Antes da redes sociais serem banidas, como nefastas à coletividade, colocaram em prática um plano diabólico para sabotar a humanidade.Utilizaram o discurso em defesa da privacidade. Afinal, o computador havia aumentado as possibilidades de interação entre as pessoas.

Todos os dados circulavam livremente. Mas investiram na ideia de que o que havia sido postado alguns anos atrás poderia servir de pretextopara prejudicar a pessoa no presente. Portanto, após esta falácia serdigerida, passaram a deletar estas informações. Abriram a porta parauma nova sociedade que se desenhava.
Uma distopia denunciada pela literatura em várias ocasiões e em livros. Ou seja, nesta nova sociedade haveria muito entretenimento e uma falsa noção da realidade que passaram a imperar.Assim, aos poucos, mas dentro de algo programado, começaram a deletar tudo. A primeira coisa foi a cultura. Assim, tudo o que havia de medíocre e assuntos que só diziam respeito ao cotidiano desta nova era de prosperidade era o que realmente importava. O mundo ficou maisdistópico ainda. Era o caos disfarçado de utopia. Os seres humanos foram superados pela inteligência artificial.

Foi então que seres sintéticos ganharam notoriedade em detrimento aos antigos seres orgânicos. Aos poucos foram sumindo do mapa. Essa era anova realidade na sociedade dos ciborgues.

2.
 O Início
Este novo século que se inicia, no caso se referia ao século XXI, será moldado pelas novas modadlidades de biotecnologia. Milton Bilderberg  parecia fascinado ao ouvir o discurso do doutor Silício que continuou: do mesmo modo que o século XX foi marcado pelos avanços impulsionados pela Física e a Química, inclusive, essas novas possibilidades(deveria estar falando de nanotecnologia) que surgem irão revolucionar nossa relação com a vida. Isto porque, meu caro, vamos mexer com a condição humana. Isto é apenas o prenúncio do advento de um novo modelo político planetário. E é a biotecnologia que nos proporcionará esta hegemonia.
O jovem biolionário que havia ganho seu primeiro bilhão a frente da indústria farmacêutica entendeu, logo de cara, a perspectiva que lhe era proposta. Tentou esconder o sorriso de satisfação que vinha do ambiente mais profundo de sua alma. Mas o doutor Silício não se importava com as emoções. Enormes ganhos financeiros e materiais. Certamente este conjunto de palavras tornavam as coisas mais agregadoras para estes ambiciosos personagens.
Talvez fosse por isso que, Milton Bilberberg, literalmente,  adorrasse Sidônio Silício. Dinheiro não seria mais problema para aquele gênio. Se for isso eu tenho, deve ter pensado no auge da sabedoria de sua juventude. Portanto , o plano daqule gênio, o doutor Silício, seria colocado em prática. E o que se estava sendo proposto? Nada mais mais do que uma radical alteração da condição humana. Isto geraria uma nova sociedade.
No futuro que teremos pela frente não existirá mais a modelação ética, política e pedagógica que conhecemos e que, por sua vez,  já está esgotada. Agora, após decifrarmos o genoma humano, o pensamento biotecnológico irá definitivamente mudar nossos conceitos sobre o que é a vida.
Assim, poderemos forçar o imaginário da opinião pública para que seja receptiva á esta utopia e ao progresso proporcionado por estas novas possibilidades tecnológicas. Será a solução para problemas básicos causado por doenças, assim como pelo sofrimento e pela morte.
Milton Bilderberg parecia um fã insandecido diante de seu rockstar predileto. Mesmo assim, resguardado pela arrogância de ser detentor de uma polpuda fortuna, ousou questionar a tese de um mundo biotecnológico. Silício, educadamente, voltou seus olhos e permitiu que seu interlocutor indagasse:
Será que a mídia, os veículos de comunicação e os intelectuais de plantão não levantarão uma bandeira contrária à nossa?

3.
_ Admiro a perspicácia de suas palavras. Disse o Doutor Silício.Mas isso não será demodo algum nenhum tipo de problema. Concluiu o neurocientista. Ele continuou sua divagação ao perceber um semblante receptivo mas com cara de um ponto de interrogação.
_ Temos a faca e o queijo na mão. Simplesmente não haverá mais pensamento crítico. Vamos deletar, vamos banir esta heresia de nossa sociedade.
Então, Sidônio Silício, chamou a atenção de Milton Bilderberg que ficou um tanto constrangido quando o neurocientista olhou dentro dos seus olhos.Era como se tivesse invadido sua alma.Enfim, as palavras proferidas foram : “ A partir de hoje, meu caro, eue você, passaremos a modelar um novo e rentável processo evolucionário da vida sobre a Terra.
Vamos roubar o fogo dos deuses do Olimpo como fez Prometeu. Mas evitaremos o fim trágico e não estaremos sujeitos ao castigo de Zeus.  Isto porque deletaremos sua figura. Apagaremosqualquer vestígio de cultura e assim forjaremos uma nova realidade semdeuses ou obstáculos à nossa pretensão biomaquínica”.
Nós iremos ganhar muito dinheiro com isso. Disse o jovem bilionário deuma maneira jocosa. Aproveitando sua linha de raciocínio, Silício, acrescentou que dinheiro era apenas um pretexto.  Na verdade o que estava sendo considerado era o poder e de controlar tudo e todos e o que ainda estaria por vir. 

4.
Os três adolescentes tinham desaparecido. A última notícia dizia quehaviam adentrado à reserva ecológica para praticar o montanhismo. Tudo indicava que não houvera planejamento algum.
Era o puro sabor da aventura. Talvez fosse isso que tivesse passado pela cabeça de cada um deles. Será que os equipamentos e as cordas estavam em bom estado?Será que chegaram a se preocupar com isso? Ninguém saberia falar sobre isso. A meterologia teria sido consultada?
A chuva que caiu chegou sem mandar nenhum tipo de aviso. Os familiaresficaram preocupados. Descobriram a localização. Mas o tempo estavafechado. A equipe enviada não obteve êxito. Chuva atípica. O que, de fato, não era um bom sinal. Os jovens, segundo comentários, deveriamestar aflitos.
Ainda existia o perigo de deslizamento. Então, a equipe de resgatesolicitou ajuda. Foi então que chamaram por Max Melvedeck. A situação era crítica. Além disso, o risco era enorme. Max não teve tempo de secomunicar com Susana. Provavelmente quando ela ligou, Max, já deveria estar à bordo do helicóptero com destino a reserva ecológica.
Como todo esporte radical a prática do montanhismo também tinha seusriscos. A mudança climática poderia provocar algumas tragédias. Por isso que Max Melvedeck acreditava que deveria existir uma política pública sobre gerenciamento de riscos no tão propalado turismo deaventura.
Ele foi levado até o ponto em que a equipe de salvamento teve querecuar. A chuva caía. Logo, Max, sumiu em meio à mata e a água quevinha do céu castigava a terra. Havia levado consigo uma espécie derádio para facilitar a comunicação. Pouco mais de quinze minutosdepois de ter se despedido do pessoal sua voz passou a ser ouvida.Estava sereno. Comunicou que havia encontrado os jovens que em poucosinstantes estaria retornando. Tudo estava calmo. Até parecia umasimulação ou um dia de treinamento sob condições adversas.
Mas o imprevisível ocorreu. Um estrondo. O que mais se temia aconteceu. Deslizamento. Eles se encontravam à 80 metros de altura. O caminho era íngreme e de difícil acesso portanto. Foram, literalmente,atropelados pela fúria da natureza. Demoraram quase dez horas para tirarem os corpos dos escombros. Um galho de árvore havia atravessado abaixo da panturrilha de Max. Ele ainda foi levado com vida, mas estava inconsciente.
5.
Susana Sullivan estava aflita. Abatida. Consternada. O homem que amava, Max Melvedeck, estava agonizando. Ela não podia fazer nada.Estava de mãos atadas. Só restava chorar. Ele, Max, estava deitado em uma cama sob lençóis brancos em uma UTI.
Tubos e aparelhos ligados a fios o mantinham vivo. Mas para isso precisava ficar entubado. Parecia um morto vivo em estado vegetativo. Sentiu o seu smartphone vibrar no bolso do seu jaleco.
Era o Doutor Silício. Os olhos ainda estavam úmidos e as lágrimas insistiam em escorrer abundantemente pelo seu rosto.
No entanto, mesmo com o semblante triste, não havia como afugentar a sua beleza feminina. Ela era linda. Não precisava de maquiagem para realçar. Fruto da tecnologia.
Ela havia conseguido isso por meio de uma cirurgia plástica e um pouco de botox. Ficou com um ar mais sensual. Inclusive, boa parte de sua nova sensualidade havia sido conquistada com a aplicação de 300 mililitros de silicone.
A senhorita Sullivan haviaturbinado os seios, mas fazia questão de afirmar que seu bumbum era natural mesmo. Herança de família. Estava, realmente , escrito em seu DNA.
Todas aquelas intervenções cirúrgicas com caráter estético lhe garantiram algo que, até então, nunca havia tido antes.
Ou seja, autoestima. Foi assim que conheceu e se apaixonou por Max. Ela não conseguia imaginar que aquele homem, que acreditava amar, estava vivendo por conta de tubos como se fosse um vegetal. Em estado demorte cerebral.
O doutor Silício foi breve em sua ligação. Mas o que disse foi o suficiente para trazer de volta para a desesperada Susana Sullivan, pelo menos, um pouquinho de esperança.
6.
O doutor Silício disse a Senhorita Sullivan, sua assistente, que ainda existia uma chance para Max. Aquilo a despertou das trevas a qual estava imersa. Um sorriso ensaiou surgir em seu rosto.
O doutor Silício adiantou que poderia  não dar certo, mas que era a única esperança para manter Max vivo.
Diante daquela situação, afinal, estava entre a vida e a morte. Mais morto do que vivo, diga se de passagem. O óbito parecia estar próximo demais. Algo assustador. Assim, aquela ligação mudava o clima.
Arejava seu emocional. A Senhorita Sullivan não pensou duas vezes e aceitou a proposta. Não queria saber, naquele primeiro momento, se era um protótipo ou se Max Melvedeck seria apenas uma cobaia.
O que lhe interessava e o que seu coração lhe dizia ser esta a únicaalternativa que existia para tentar salvá-lo.
7.
 O rosto da Senhorita Sullivan era o próprio retrato da apreensão. Se olhasse no espelho veria refletido toda sua angústia e o medo diante daquela situação. Max havia sido induzido ao coma. Ela tinha que fazeralguma coisa. Seria capaz de qualquer coisa por mais um sopro de vida. As palavras do Doutor Silício eram a própria esperança que renascia das cinzas como uma Fênix.
Não havia escolha a ser feita. Ainda mais depois que Sidônio Silício disse: “Susana, nós podemos salvar o Max”. Aquilo era tudo o que ela precisava ouvir para continuar em pé, firme e com a fé necessária para espantar seus receios e ir à luta em busca da vida. Algo de uma imensa simbologia.
Então, o Doutor Silício falou sobre um protótipo de um membro inferior da perna que poderia ser implantado. Assim com um neurochip possibilitaria que Max se levantasse daquele leito de hospital e saísse caminhando como Lázaro. Como se nada houvesse acontecido. Naquele instante não lhe passou pela cabeça que o Doutor Silícioestivesse brincando ser Deus.
Por isso, talvez guiada pela comoção, concordou plenamente com ideia proposta. Ela salvaria Max. Isso era o que importava. Não pensou em nenhuma implicação moral. Ou se isso seria possível por causa da tecnologia cibernética. Mais tarde, a Senhorita Sullivan, ficaria sabendo que o protótipo que seria utilizado era um recurso artificial que poderia fazer MaxMelvedeck voltar do mundo dos mortos e sair andando por aí.
No entanto, não bastava o suporte físico introduzido em seu corpo. Mas para que este surgisse efeito como o planejado seria necessário o implante de um chip em seu cérebroque lhe daria o comando para controlar esse membro cibernético que seria parte de seu próprio corpo.
Isto ocorria porque a prótese em si poderia causar alguma lesão porser um elemento estranho em seu organismo. Assim não haveria interaçãocom o artefato mecãnico. Mas com o chip, o membro robótico instaladoresponderia aos estímulos do cérebro. Portanto, poderia controlar comseu pensamento o membro cibernético que agora faria da máquina e dohomem um ser hibrido. Max Melvedeck passaria a ser um ciborgue.
8.
 Qual é seu conceito sobre inteligência artificial?
Sidônio Silício sapecou a pergunta. Talvez seu interlocutor, Milton Bilderberg, tivesse sido surpreendido com a mudança de rumo da prosa. Abandonou o código vocabulário acadêmico por uma comunicação mais direta, portanto coloquial. Esta atitude inesperada desarmou o espírito daquele que ouvia.
 Antes que pudesse se recompor e buscar em sua memória alguma referẽncia que pudesse associar ao assunto que havia submergido na fala do Doutor Silício. Provavelmente, lembraria do filme de Kubrick. Mas antes que pudesse materializar este raciocínio foi pego, mais uma vez, de calças curtas. Imagine a situação. Um homem cheio de confiança.
Afinal, todo bilionário se acha o cara pelo fato de ter mais de doze dígitos espalhado em contas bancárias, e outros investimentos, ao redor do mundo. Mas naquele momento, Milton Bilderberg, se sentia desarticulado. Enfim, Sidônio Silício deu prosseguimento, ainda mais incisivo, e respondeu a pergunta que havia feito com uma certa ironia.
Aproveitando a brecha deixada pelo seu interlocutor.
 _ Seria o Hal 9000?
Traduzindo suas palavras que não chegaram a ser mencionadas, mas estavam nas entrelinhas, quis dizer que Bilderberg deveria ter uma mente condicionada e que isso o tornava previsível e revelava sua ingenuidade intelectual ao acreditar em uma sugestão e deixar de pensar, de questionar e, acima de tudo, aceitar como sendo realidade a verdade de outra pessoa.

9.
Max Melvedeck era uma boa pessoa. Um cara humano, prestativo, sempre disposto a ajudar o próximo. Todos gostavam dele. Era o típico boa praça. Não havia nada que o desabonasse. Tão pouco alimentava rancores ou pensamentos negativos. Max praticava esportes radicais. Sendo o montanhismo sua especialidade.
Inclusive, prestava serviços, como parte de uma equipe de resgate em casos de emergência. Só que neste dia, o inevitável aconteceu. Era para ser algo simples. Três adolescentes não tomaram as precauções necessárias. Detalhe: chovia muito. Enfim, ocorreu um acidente.
Susana Sullivan, sua namorada, fica sabendo do infortúnio. As primeiras informações diziam que ele teria perdido parte de sua perna, abaixo do joelho direito. Por incrível que pareça, o Doutor Silício também tem conhecimento do ocorrido. Isto porque Susana trabalhava como sua assistente. Inclusive era tratada como Senhorita Sullivan no laboratório.
Sú, como Max a chamava na intimidade, havia começado como uma estagiária alguns anos atrás. Coincidentemente, quando começaram as pesquisas do Doutor Silício sobre o genoma humano.
Provavelmente, devido a isso, o Doutor Silício oferece o protótipo da cyberleg, uma perna cibernética para restaurar o corpo de Max. Em um primeiro momento, a Senhorita Sullivan não tinha como agradecer, estava encantada com tamanha gentileza do seu superior imediato.
Max havia sido levado para o hospital com o diagnóstico de morte cerebral. No entanto, como sua namorada, Sú, não queria aceitar a morte como resultado. Mas aquele incidente caberia como uma luva para os planos do Doutor Silício.
Então, com a cyberleg e a implantação de um neurochip, Max, vira um ciborgue e o neurocientista,Doutor Silício, fica admirado e a partir daí passa a passa a planejar uma nova sociedade. Susana é promovida. Mas, no entanto, seus valores morais colidem com os planos que foram encampados pelo bilionário Milton Bilderberg da indústria farmacêutica e que mais tarde se torna o controlador acionário majoritário de uma mega holding corporacional.
Acontece que Susana começa a perceber que existe algo por trás de tanta gentileza. O Doutor Silício, apesar de toda educação, não estava sendo sincero. Após algum tempo notou que seu chefe não seguia muito seus princípios morais. Isto a deixou incomodada. Inconscientemente começou a levantar suspeitas sobre os planos nefastos do Doutor Silício.
A Senhorita Sullivan passa a ser espionada. O que a deixa , literalmente, com a pulga atrás da orelha. Mas, finge fazer vista grossa. Sú comenta isso com o , reconfigurado ,Max . Mas, seu namorado não a leva à sério. Talvez pelo fato de ainda estar deslumbrado pelas novas possibilidades tecnológicas de seu corpo.
Na sua visão , ou pela nova ótica de um ciborgue, não deixando de ser ingênua, acredita que Sú, sua namorada está ficando paranoica. Talvez , possivelmente tenha sido induzido, no fundo chegue a pensar que se trata de ciúme.
Assim, nessa linha de raciocínio, inconscientemente, ventila a possibilidade de que ela esteja com inveja das vantagens que agora possui. Afinal, agora ele era um ciborgue. Só que ela não comunga deste mesmo pensamento ainda não manifestado.
Max, tudo indica que por causa disso, acaba se distanciando de Susana e se vê envolvido com uma mulher misteriosa que lhe chama a atenção. Ele, Max Melvedeck, não sabe o motivo desta forte atração. No entanto, o nome dela é Synthia.
Só que havia um detalhe que Max desconhecia. A deslumbrante, sensual e sedutora Synthia, na verdade, era o primeiro ser sintético criado pela BIOTECH, a empresa que o neurocientista Sidônio Silício montou com o auxílio financeiro de Milton Bilderberg. Tão pouco lhe passava pelo pensamento que mais tarde, a BIOTECH, viria a ser a materialização do seu medo, do seu pior pesadelo.
Talvez o nome correto para explicar o que Susana Sullivan sentia fosse mesmo pressentimento. Aos poucos e dolorosamente, para sua aflição e desgosto, Sú estava percebendo que existia algo que de certa forma não se encaixava direito. Por causa disso, provavelmente, ela acaba desaparecendo do mapa.

10.
Depois de algum tempo quando todos se esquecem de Susana, Max se envolve com Synthia e, devido à isso, não acredita no que, realmente, está acontecendo. Mas, talvez por causa de um curto circuito, desperta de sua ingenuidade. Então, a ficha caiu. Há algo de errado no laboratório do seu neurocientista predileto. A partir daí tenta buscar a verdade sobre o sumiço de Susana. Inclusive, fica corroído pelo remorso.
Então, começa a lembrar das coisas que ela, a doce Sú, lhe falava. Em sua busca, após despertar do seu deslumbramento inicial , descobre que o Doutor Silício, a frente da BIOTECH, do arquibilionário (a cada episódio fica mais rico) Milton Bilderberg, está brincando de ser Deus.
Quando Max toma consciência da realidade já é um pouco tarde. Pois Susana já está desaparecida o que o deixa impotente diante do fato de que todo o tempo ela, a doce Sú, estava falando a verdade. No entanto, a BIOTECH também fica sabendo quando Max, despertado da ilusão, levanta suspeitas sobre as reais intenções dos novos donos do poder.
Isto ocorre porque ele é um ciborgue. E tem um neurochip implantado em seu cérebro. Assim, todas as suas sinapses e em decorrência disso, seu pensamento, não é segredo para BIOTECH. Aliás, todo este tempo, Max, fora uma cobaia.
O ciborgue, agora, rebelde, passa a ser perseguido como sendo o suposto assassino de Susana Sullivan. Mas não havia corpo, nem ao menos suspeitas que o incriminassem. Mas isso não era problema algum. Pois agora Max Melvedek era o alvo. Algo que deveria ser destruído. Mas antes deveria ser preso para que a BIOTECH tivesse novamente seu protótipo de cyberleg e o neurochip implantado em seu cérebro.
11.
Max não tinha o conhecimento de que era um produto da BIOTECH, assim como sua cyberleg. Também não tinha noção do que estava acontecendo. Afinal, o seu acidente havia acontecido no passado, em algum lugar do distante, e já inexistente, século XX. No entanto, ficou em coma por muito tempo. Durante este hiato muita coisa se modificou.
 Susana Sullivan, sua namorada, desapareceu. Mas quando ele retornou à vida como ciborgue isto já havia ocorrido. Acontece que a impressão que tinha, em sua lembrança, era que sua companheira estava ao seu lado. Só que na verdade era apenas uma memória que, de fato, nunca existiu. O mundo pós humano era a nova realidade em que estava inserido.
Provavelmente, as lembranças que ainda tinha de Susana, falsas memórias, seriam mensagens do seu inconsciente que lutava contra a máquina que dominava seu corpo. Passou a se relacionar com Synthia, o primeiro ser sintético, e por isso teve a impressão que tudo estava indo bem. Mas nem tudo eram flores holográficas.
 A humanidade, enquanto raça, já havia sido descartada. O que restou da população passou a ser controlada por neurochips e membros cibernéticos produzidos, em escala industrial pela BIOTECH. Max Melvedeck, o ciborgue rebelde, passa a ser perseguido pelo sistema dominante. Era mais do que uma questão de honra tê-lo novamente sob os domínios da BIOTECH.
Afinal, aquilo intrigava o Doutor Silício. Por que Max Melvedeck, após um certo período, voltava a questionar? Seria alguma falha na programação? Por que Max insistia em ter um pensamento crítico? Então, Max passa a fugir dos robóticos com tentáculos que assumiram o lugar antes ocupado pela polícia.
 O confronto é inevitável. Ele acaba cercado, mas não se considera vencido. Seus instintos primitivos falam mais alto e parte para a luta corporal com os robóticos. Max leva a pior, afinal eram muitos e com tentáculos que lembravam uma quimera, mas mesmo assim não é capturado. Após este embate acaba sendo salvo por um grupo de dissidentes que o encontram desacordado após fugir dos seus implacáveis perseguidores.
12.
os o Confronto com OS SEUS robóticos e tentáculos, Max Melvedeck, FICA desacordado. QUANDO OS recobra sentidos FICA sabendo Que foi salvo Por Um grupo Formado POR ciborgues e Seres Sintéticos rebeldes. Detalhe, este grupo Não Tem Mais Consciência fazer that e Um Ser Humano. A Inteligência artificial representada Pela BIOTECH havia deletado a Humanidade e como Memórias Todas SUA. ASSIM, sem Vestígios da cultura ficou Mais Fácil estabelecer Uma nova sociedade. A sociedade dos ciborgues.
Sem entanto Uma parte destas Máquinas that AINDA traziam Alguns Elementos Orgânicos tentam resgatar algo that Aparentemente, cabelo Menos Nesta nova sociedade, Nunca existiu. Afinal, Não havia Informação Alguma. De: Não havia Nenhum Arquivo OU dado that anteriormente, as antes da BIOTECH, existisse Uma Outra Civilização. Mas de Alguma forma, Estes dissidentes, tiveram Acesso à poesia. Sem Caso, Uma série de poemas de hum autor desconhecido that levava o Nome de "Anjos góticos". O conteudo destes poemas, em versos, promoviam um Emoção e Meio POR dela conseguiram se libertar da opressão maquínica.
O grupo de dissidentes São considerados Como bioterroristas e liderado E POR Lady Lua. Mas ESTA E na Verdade Susana Sullivan. Su, Ao Longo do Tempo, usou SEUS Conhecimentos e se adptou uma Realidade sintética nova. Entao AOS poucos, Max toma Conhecimento Dessa nova Realidade e com hum novo implante, substituindo o Que era monitorado, Passa um Lutar contra o Sistema Operacional vigente e SEUS Novos Agentes de Segurança that São Seres robóticos acrescidos de terríveis tentáculos that causam Violência e inflingem terror na População Que Ousa Sair dos Trilhos propostos Por uma Administração autoritária e elitista. Max acaba desempenhando Bem Seu papel de Líder rebelde ao Lado de Lady Lua.
Os rebelados Vivem em Uma Comunidade em Uma zona Autônoma e longe dos tentáculos do Sistema. Éles se tornam Invisíveis, Por Meio da Tecnologia, AOS Sensores Que varrem Tudo É SABEM de Tudo sobre todos. E UMA Guerra de hackers no Futuro.
Nas áreas de convivência da Comunidade ocorriam festas celebravam Que o Espírito humano, apesar de existirem poucos Humanos de Fato, estavam Praticamente extintos, mas Era Uma especie de rituais e Celebração que apelidaram de raves. E foi em Uma Desses momentos de descontração e Diversão that Max reencontra Synthia.
Como ELA foi o Primeiro Ser sintétito OS Outros Que se seguiram São de Uma Certa forma Uma Cópia dela that continua tendão hum ligação com a MESMA POR Meio de Uma Frequência. ASSIM ELA acaba seduzindo fácilmente, Mais vez uma, o ciborgue Max. Não entanto, com Os Novos Eletrodos that were implantados ELE anula a Transferência de Informação Sobre o FUNCIONAMENTO da Guerrilha digital.
MESMO ASSIM, Synthia, AINDA consegue induzir Max Melvedeck Ao Erro. ASSIM, OS enviar acaba por "Anjos góticos" para Uma cilada Onde São trucidados Pelos robóticos e SEUS terríveis tentáculos. Ao Tomar Conhecimento fazer trágico FIM dos SEUS Aliados, Lady Lua e Max, partem PARA O ataque. Lady Lua determinação, ENTÃO, SUAS Diferenças em hum combate Corpo a Corpo com Synthia.
Já Max Melvedeck em SUA investida contra o Doutor Silício EO arquibilionário Milton Bilderberg, Descobre, parágrafo Seu assombro e espanto, that NÃO Passam de Hologramas. Portanto, tratavam-se de frutos de Uma Ilusão elaborada Pela Inteligência Como conhecida artificial Máquina Pensante.
ENTÃO ELE NÃO PODE Percebe that deixar Lady Lua Destruir Synthia e NEM that this destrua Susana Sullivan. ASSIM, ELAS Terao that juntar SUAS Forças Para Que possam viver pacificamente OU partirem Pará uma Violência e autodestruição.

FIM
...

O Mundo Pós Humano de "Sociedade dos Ciborgues"
Hans Moravec é um dos autores que nos inspiraram para escrever “Sociedade dos Ciborgues” http://tecnocibernetico.wordpress.com/2011/04/04/ . Em 1988, Moravec,  escreveu “Mind Children” que fala sobre um futuro com máquinas inteligentes. Detalhe, não é um livro de ficção científica, mas sobre a possibilidade real que isto se torne possível.
Já em nossa  novela de ficção científica, “Sociedade dos Ciborgues” http://tecnocibernetico.wordpress.com/2011/04/04/sociedade-dos-ciborgues-o-mundo-pos-humano-de-carlos-pompeu/  , se é que podemos tratá-la assim, temos como realidade o mundo pós-humano. Esta temática já foi levantada em Cibercultura#5 http://tecnocibernetico.wordpress.com/2010/07/27/cibercultura5/, onde mencionamos o movimento pós humano e a informatização da sociedade.
No texto citamos o filósofo Nick Bostrom http://tecnocibernetico.wordpress.com/2011/04/23/nick-bostrom-o-filosofo-de-oxford-que-defende-que-a-engenharia-genetica-pode-ampliar-os-limites-fisicos-e-mentais-do-ser-humano/ , cujo receio está relacionado com a inteligência artificial. Ou seja, máquinas inteligentes, pode ser perigosas. O mesmo tema também é tratado em Cibercultura #15 http://tecnocibernetico.wordpress.com/2010/11/04/cibercultura-15/  no texto já comentávamos que os transtropianos já idealizam a vida longe do corpo humano. Possivelmente em um hardware ou outro tipo de suporte.
Hans  Moravec, nasceu em 30 de novembro de 1948, em Kautzen, na Áustria. É Cientista Diretor do Instituto de Robótica da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos. Moravec  sempre acreditou em  máquinas capazes de raciocinar. Com apenas 10 anos já havia  construido seu primeiro robô. O mais incrível é saber o material utilizado. No caso, latas, baterias, luzes e um motor.
Este tema também, que envolve os transtropianos e o mundo pós humano também é citado em Cibercultura # 12 http://tecnocibernetico.wordpress.com/2010/09/30/cibercultura-12/ , onde citamos Francisco Rudiger, autor de "Cibercultura e Pós Humanismo" , um livro de ensaios que trata sobre este questionamento da vida além do humano.

“A Filosofia dos Ciborgues”
O pós humanismo é uma realidade que diz respeito aos ciborgues. Seres que associam a máquina ao organismo humano. Inclusive, hoje já se discute a possibilidade de se continuar a viver com a mente fora do corpo humano. 
 O que já foi considerado como especulação da ficção científica, agora pode ser considerada uma realidade plausível. Tanto que o filósofo Nick Bostrom http://tecnocibernetico.wordpress.com/2011/04/23/nick-bostrom-o-filosofo-de-oxford-que-defende-que-a-engenharia-genetica-pode-ampliar-os-limites-fisicos-e-mentais-do-ser-humano/   é favorável à esta nova tendência. Ou seja, modificar o DNA humano para se usufruir os benefícios da tecnologia. 
No entanto, o futurologista Ray Kurzweil tem outra maneira de pensar. Ao contrário, de Bostrom, Kurzweil antevê avanços tecnológicos a partir da inteligência artificial.
 Todavia, cabe buscar uma outra opinião. Assim temos Andy Clark, outro pensador, que também trata do pós humanismo http://tecnocibernetico.wordpress.com/2011/04/22/o-mundo-pos-humano-de-sociedade-dos-ciborgues-de-carlos-pompeu/ , mas seu ponto de vista quebra paradigmas.
 Para Andy Clark, enquanto humanos, não precisamos de implantes ou de chips para sermos considerados ciborgues. Tão pouco teríamos que nos fundir à máquinas ou nos transformar em uma espécie de computador de última geração. 
Isso tudo por um motivo bem simples: já somos ciborgues. Segundo Andy Clark, isso ocorre porque o ser humano sempre incorporou ferramentas que ampliam o poder do seu intelecto. É por isso que o filósofo Andy Clark afirma em seu livro, “Natural Born Ciborgs”, que nós, enquanto seres humanos, existimos “como coisas pensantes que somos, graças a uma complexa dança de cérebros, corpos e muletas culturais e tecnológicas”
A frase do título acima faz referência a Jorge Benjor. No original a menção era aos alquimistas. Revelada a fonte, podemos apressar o passo para adentrarmos no ritmo veloz da dinâmica contemporânea. Onde tudo é high tech e nada é estar fora da web, é ficar desconectado. Pois bem, na verdade, os ciborgues, já chegaram. Eles estão entre nós. Talvez o “Homem de seis milhões de dólares”, do seriado de TV dos anos 70, inspirado na obra de Michel Caiden, tenha sido o protótipo.
 Mas como você definiria um ciborgue? Segundo Donna Hathaway, autora do manifesto ciborgue, trata-se de um organismo cibernético, um híbrido de máquina e organismo, uma criatura de realidade social e também uma criatura de ficção. Então, de acordo com esse conceito, somos todos quimeras, híbridos teóricos e fabricados. Enfim, somos ciborgues. Já nos adaptamos a essa nova realidade. Inclusive, em nosso dia a dia, já utilizamos próteses.
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 Sem dúvida, o uso da tecnologia transforma a condição humana. Ao longo dos tempos o homem sempre se utilizou de artifícios e ferramentas para moldar o mundo a sua volta. No entanto, atingimos um patamar até então não vislumbrado. Por exemplo, o pós humanista, Max More, acredita que a humanidade é uma etapa temporária no caminho da evolução e cabe a nós, enquanto humanos, acelerar esse processo.
 Esse pensamento, é recentemente novo, por isso, pode soar um tanto estranho. Pode até parecer história de ficção científica. Mas é , hoje em dia, um movimento sólido que tem sua atuação pautada por uma entidade, a WTA (World Transhumanist Association)que defende e propaga essa ideia. O movimento, em si, é futurista e utópico. Surgiu na década de 1980, em meio a toda efervescência dos yuppies, e tinham como ponto em comum a recusa dos dogmas.
 Naquela época e com este discurso  parecia uma atitude punk. Seguindo esse raciocínio, podemos afirmar que tinha um certo apelo romântico. No entanto, com aquela história descrita pelo Paulo Coelho,  do “cuidado com o que deseja que você pode conseguir”, prefiro adotar a cautela. Por uma questão de ética.
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Em resumo, os pós humanistas desejam ampliar as faculdades físicas e mentais. Algo como ocorre no filme MATRIX. O programador de computador Thomas Anderson toma a pílula vermelha,ofertada por Morpheus, e como o hacker-messias Neo adquire sabedoria, conhecimento e prática de artes marciais, como o Kung Fú de Bruce Lee,  por meio de downloads. Cá entre nós, essa ideia é uma verdadeira tentação, não é mesmo? Imagina baixar, em questão de minutos,  todo tipo de informação que desejamos em nosso cérebro? Nesse dia, que talvez o futuro nos reserve, teríamos que encontrar outra função social para as escolas e instituições de ensino.

 Todavia, apesar do fim do mundo já ter data e, em alguns casos, até hora marcada, é bom deixar a vida em banho maria. Afinal, até que se prove o contrário, o destino é imprevisível. Inclusive, surfando neste ponto de vista, pode eventualmente surgir uma alternativa mais viável ou até mesmo mais ponderada.