(Boris de
Pedra)
1.
Ainda
faltava alguns minutos para a meia noite de 25 de junho de2037.Esta data já não
era mais válida, mas ainda utilizada pelo quehavia sobrado dos seres humanos.
Ou ao menos o que restou da lembrando que teriam sido.
A vida
orgânica como a conhecíamos no início doséculo XXI havia acabado. O futuro
agora era apenas uma palavra que
pertencia ao passado. Sendo que este já havia sido, literalmente,deletado. O Mundo passou a ser habitado por seres
sintéticos.
A inteligência
artificial gerou a vida e neste novo cenário o ser humano não era mais o
protagonista da nova era de prosperidade que se instalou. A civilização, após
seu apogeu, havia chegado ao fim. Tudo começou quando um neurocientista na
última década do século XX começou a pesquisar o genoma humano. Em pouco tempo,
o Doutor Silício,conseguiu fazer a leitura do DNA.
Não
satisfeito com os avanços conseguidos e movido pela ambição e aganância
resolveu trabalhar com a biologia sintética. Aquilo despertou a cobiça de um
conglomerado industrial que decidiu patrocinar os estudos do pesquisador. Por
meio da manipulação da mídia no fim do ano de 2012 começou a neoplastia
nanotecnológica da população mundial.
Criaram uma
fantasia para que o sonho maligno pudesse se tornar uma realidade.Uma bactéria
foi criada em um laboratório e logo se espalhou pelo ar.Toda a população foi
contaminada. Entretanto, apesar dos sintomas como febre e dores no corpo, a
ação era passageira. Isto porque o corpo humano produziria anticorpos necessários
para combater a enfermidade.
No entanto,
foi por meio deste artifício que os seres humanos passaram a trazer dentro do
seu corpo uma nova célula que possibilitou o monitoramento de todos. A
população foi cedendo aos estímulos criadospara que pudessem viver dentro de
uma ilusão que havia sido criada.
Antes da
redes sociais serem banidas, como nefastas à coletividade, colocaram em prática
um plano diabólico para sabotar a humanidade.Utilizaram o discurso em defesa da
privacidade. Afinal, o computador havia aumentado as possibilidades de
interação entre as pessoas.
Todos os
dados circulavam livremente. Mas investiram na ideia de que o que havia sido
postado alguns anos atrás poderia servir de pretextopara prejudicar a pessoa no
presente. Portanto, após esta falácia serdigerida, passaram a deletar estas
informações. Abriram a porta parauma nova sociedade que se desenhava.
Uma
distopia denunciada pela literatura em várias ocasiões e em livros. Ou seja,
nesta nova sociedade haveria muito entretenimento e uma falsa noção da
realidade que passaram a imperar.Assim, aos poucos, mas dentro de algo
programado, começaram a deletar tudo. A primeira coisa foi a cultura. Assim,
tudo o que havia de medíocre e assuntos que só diziam respeito ao cotidiano
desta nova era de prosperidade era o que realmente importava. O mundo ficou
maisdistópico ainda. Era o caos disfarçado de utopia. Os seres humanos foram
superados pela inteligência artificial.
Foi então
que seres sintéticos ganharam notoriedade em detrimento aos antigos seres
orgânicos. Aos poucos foram sumindo do mapa. Essa era anova realidade na
sociedade dos ciborgues.
2.
O Início
Este novo
século que se inicia, no caso se referia ao século XXI, será moldado pelas
novas modadlidades de biotecnologia. Milton Bilderberg parecia fascinado ao ouvir o discurso do
doutor Silício que continuou: do mesmo modo que o século XX foi marcado pelos
avanços impulsionados pela Física e a Química, inclusive, essas novas
possibilidades(deveria estar falando de nanotecnologia) que surgem irão
revolucionar nossa relação com a vida. Isto porque, meu caro, vamos mexer com a
condição humana. Isto é apenas o prenúncio do advento de um novo modelo
político planetário. E é a biotecnologia que nos proporcionará esta hegemonia.
O jovem
biolionário que havia ganho seu primeiro bilhão a frente da indústria
farmacêutica entendeu, logo de cara, a perspectiva que lhe era proposta. Tentou
esconder o sorriso de satisfação que vinha do ambiente mais profundo de sua
alma. Mas o doutor Silício não se importava com as emoções. Enormes ganhos
financeiros e materiais. Certamente este conjunto de palavras tornavam as
coisas mais agregadoras para estes ambiciosos personagens.
Talvez
fosse por isso que, Milton Bilberberg, literalmente, adorrasse Sidônio Silício. Dinheiro não seria
mais problema para aquele gênio. Se for isso eu tenho, deve ter pensado no auge
da sabedoria de sua juventude. Portanto , o plano daqule gênio, o doutor
Silício, seria colocado em prática. E o que se estava sendo proposto? Nada mais
mais do que uma radical alteração da condição humana. Isto geraria uma nova
sociedade.
No futuro
que teremos pela frente não existirá mais a modelação ética, política e
pedagógica que conhecemos e que, por sua vez,
já está esgotada. Agora, após decifrarmos o genoma humano, o pensamento
biotecnológico irá definitivamente mudar nossos conceitos sobre o que é a vida.
Assim,
poderemos forçar o imaginário da opinião pública para que seja receptiva á esta
utopia e ao progresso proporcionado por estas novas possibilidades
tecnológicas. Será a solução para problemas básicos causado por doenças, assim
como pelo sofrimento e pela morte.
Milton
Bilderberg parecia um fã insandecido diante de seu rockstar predileto. Mesmo
assim, resguardado pela arrogância de ser detentor de uma polpuda fortuna,
ousou questionar a tese de um mundo biotecnológico. Silício, educadamente,
voltou seus olhos e permitiu que seu interlocutor indagasse:
Será que a
mídia, os veículos de comunicação e os intelectuais de plantão não levantarão
uma bandeira contrária à nossa?
3.
_ Admiro a
perspicácia de suas palavras. Disse o Doutor Silício.Mas isso não será demodo
algum nenhum tipo de problema. Concluiu o neurocientista. Ele continuou sua
divagação ao perceber um semblante receptivo mas com cara de um ponto de
interrogação.
_ Temos a
faca e o queijo na mão. Simplesmente não haverá mais pensamento crítico. Vamos
deletar, vamos banir esta heresia de nossa sociedade.
Então,
Sidônio Silício, chamou a atenção de Milton Bilderberg que ficou um tanto constrangido
quando o neurocientista olhou dentro dos seus olhos.Era como se tivesse
invadido sua alma.Enfim, as palavras proferidas foram : “ A partir de hoje, meu
caro, eue você, passaremos a modelar um novo e rentável processo evolucionário
da vida sobre a Terra.
Vamos
roubar o fogo dos deuses do Olimpo como fez Prometeu. Mas evitaremos o fim
trágico e não estaremos sujeitos ao castigo de Zeus. Isto porque deletaremos sua figura.
Apagaremosqualquer vestígio de cultura e assim forjaremos uma nova realidade
semdeuses ou obstáculos à nossa pretensão biomaquínica”.
Nós iremos
ganhar muito dinheiro com isso. Disse o jovem bilionário deuma maneira jocosa.
Aproveitando sua linha de raciocínio, Silício, acrescentou que dinheiro era
apenas um pretexto. Na verdade o que
estava sendo considerado era o poder e de controlar tudo e todos e o que ainda
estaria por vir.
4.
Os três
adolescentes tinham desaparecido. A última notícia dizia quehaviam adentrado à
reserva ecológica para praticar o montanhismo. Tudo indicava que não houvera
planejamento algum.
Era o puro
sabor da aventura. Talvez fosse isso que tivesse passado pela cabeça de cada um
deles. Será que os equipamentos e as cordas estavam em bom estado?Será que
chegaram a se preocupar com isso? Ninguém saberia falar sobre isso. A
meterologia teria sido consultada?
A chuva que
caiu chegou sem mandar nenhum tipo de aviso. Os familiaresficaram preocupados.
Descobriram a localização. Mas o tempo estavafechado. A equipe enviada não
obteve êxito. Chuva atípica. O que, de fato, não era um bom sinal. Os jovens,
segundo comentários, deveriamestar aflitos.
Ainda
existia o perigo de deslizamento. Então, a equipe de resgatesolicitou ajuda.
Foi então que chamaram por Max Melvedeck. A situação era crítica. Além disso, o
risco era enorme. Max não teve tempo de secomunicar com Susana. Provavelmente
quando ela ligou, Max, já deveria estar à bordo do helicóptero com destino a
reserva ecológica.
Como todo
esporte radical a prática do montanhismo também tinha seusriscos. A mudança
climática poderia provocar algumas tragédias. Por isso que Max Melvedeck
acreditava que deveria existir uma política pública sobre gerenciamento de
riscos no tão propalado turismo deaventura.
Ele foi
levado até o ponto em que a equipe de salvamento teve querecuar. A chuva caía.
Logo, Max, sumiu em meio à mata e a água quevinha do céu castigava a terra.
Havia levado consigo uma espécie derádio para facilitar a comunicação. Pouco
mais de quinze minutosdepois de ter se despedido do pessoal sua voz passou a
ser ouvida.Estava sereno. Comunicou que havia encontrado os jovens que em
poucosinstantes estaria retornando. Tudo estava calmo. Até parecia umasimulação
ou um dia de treinamento sob condições adversas.
Mas o
imprevisível ocorreu. Um estrondo. O que mais se temia aconteceu. Deslizamento.
Eles se encontravam à 80 metros de altura. O caminho era íngreme e de difícil
acesso portanto. Foram, literalmente,atropelados pela fúria da natureza.
Demoraram quase dez horas para tirarem os corpos dos escombros. Um galho de
árvore havia atravessado abaixo da panturrilha de Max. Ele ainda foi levado com
vida, mas estava inconsciente.
5.
Susana
Sullivan estava aflita. Abatida. Consternada. O homem que amava, Max Melvedeck,
estava agonizando. Ela não podia fazer nada.Estava de mãos atadas. Só restava
chorar. Ele, Max, estava deitado em uma cama sob lençóis brancos em uma UTI.
Tubos e
aparelhos ligados a fios o mantinham vivo. Mas para isso precisava ficar
entubado. Parecia um morto vivo em estado vegetativo. Sentiu o seu smartphone
vibrar no bolso do seu jaleco.
Era o
Doutor Silício. Os olhos ainda estavam úmidos e as lágrimas insistiam em
escorrer abundantemente pelo seu rosto.
No entanto,
mesmo com o semblante triste, não havia como afugentar a sua beleza feminina.
Ela era linda. Não precisava de maquiagem para realçar. Fruto da tecnologia.
Ela havia
conseguido isso por meio de uma cirurgia plástica e um pouco de botox. Ficou
com um ar mais sensual. Inclusive, boa parte de sua nova sensualidade havia
sido conquistada com a aplicação de 300 mililitros de silicone.
A senhorita
Sullivan haviaturbinado os seios, mas fazia questão de afirmar que seu bumbum
era natural mesmo. Herança de família. Estava, realmente , escrito em seu DNA.
Todas
aquelas intervenções cirúrgicas com caráter estético lhe garantiram algo que,
até então, nunca havia tido antes.
Ou seja,
autoestima. Foi assim que conheceu e se apaixonou por Max. Ela não conseguia
imaginar que aquele homem, que acreditava amar, estava vivendo por conta de
tubos como se fosse um vegetal. Em estado demorte cerebral.
O doutor
Silício foi breve em sua ligação. Mas o que disse foi o suficiente para trazer
de volta para a desesperada Susana Sullivan, pelo menos, um pouquinho de
esperança.
6.
O doutor
Silício disse a Senhorita Sullivan, sua assistente, que ainda existia uma
chance para Max. Aquilo a despertou das trevas a qual estava imersa. Um sorriso
ensaiou surgir em seu rosto.
O doutor
Silício adiantou que poderia não dar
certo, mas que era a única esperança para manter Max vivo.
Diante
daquela situação, afinal, estava entre a vida e a morte. Mais morto do que
vivo, diga se de passagem. O óbito parecia estar próximo demais. Algo
assustador. Assim, aquela ligação mudava o clima.
Arejava seu
emocional. A Senhorita Sullivan não pensou duas vezes e aceitou a proposta. Não
queria saber, naquele primeiro momento, se era um protótipo ou se Max Melvedeck
seria apenas uma cobaia.
O que lhe
interessava e o que seu coração lhe dizia ser esta a únicaalternativa que
existia para tentar salvá-lo.
7.
O rosto da Senhorita Sullivan era o próprio
retrato da apreensão. Se olhasse no espelho veria refletido toda sua angústia e
o medo diante daquela situação. Max havia sido induzido ao coma. Ela tinha que
fazeralguma coisa. Seria capaz de qualquer coisa por mais um sopro de vida. As
palavras do Doutor Silício eram a própria esperança que renascia das cinzas
como uma Fênix.
Não havia
escolha a ser feita. Ainda mais depois que Sidônio Silício disse: “Susana, nós
podemos salvar o Max”. Aquilo era tudo o que ela precisava ouvir para continuar
em pé, firme e com a fé necessária para espantar seus receios e ir à luta em
busca da vida. Algo de uma imensa simbologia.
Então, o
Doutor Silício falou sobre um protótipo de um membro inferior da perna que
poderia ser implantado. Assim com um neurochip possibilitaria que Max se
levantasse daquele leito de hospital e saísse caminhando como Lázaro. Como se
nada houvesse acontecido. Naquele instante não lhe passou pela cabeça que o
Doutor Silícioestivesse brincando ser Deus.
Por isso,
talvez guiada pela comoção, concordou plenamente com ideia proposta. Ela
salvaria Max. Isso era o que importava. Não pensou em nenhuma implicação moral.
Ou se isso seria possível por causa da tecnologia cibernética. Mais tarde, a
Senhorita Sullivan, ficaria sabendo que o protótipo que seria utilizado era um
recurso artificial que poderia fazer MaxMelvedeck voltar do mundo dos mortos e
sair andando por aí.
No entanto,
não bastava o suporte físico introduzido em seu corpo. Mas para que este
surgisse efeito como o planejado seria necessário o implante de um chip em seu
cérebroque lhe daria o comando para controlar esse membro cibernético que seria
parte de seu próprio corpo.
Isto
ocorria porque a prótese em si poderia causar alguma lesão porser um elemento
estranho em seu organismo. Assim não haveria interaçãocom o artefato mecãnico.
Mas com o chip, o membro robótico instaladoresponderia aos estímulos do
cérebro. Portanto, poderia controlar comseu pensamento o membro cibernético que
agora faria da máquina e dohomem um ser hibrido. Max Melvedeck passaria a ser
um ciborgue.
8.
Qual é seu conceito sobre inteligência
artificial?
Sidônio
Silício sapecou a pergunta. Talvez seu interlocutor, Milton Bilderberg, tivesse
sido surpreendido com a mudança de rumo da prosa. Abandonou o código
vocabulário acadêmico por uma comunicação mais direta, portanto coloquial. Esta
atitude inesperada desarmou o espírito daquele que ouvia.
Antes que pudesse se recompor e buscar em sua
memória alguma referẽncia que pudesse associar ao assunto que havia submergido
na fala do Doutor Silício. Provavelmente, lembraria do filme de Kubrick. Mas
antes que pudesse materializar este raciocínio foi pego, mais uma vez, de
calças curtas. Imagine a situação. Um homem cheio de confiança.
Afinal,
todo bilionário se acha o cara pelo fato de ter mais de doze dígitos espalhado
em contas bancárias, e outros investimentos, ao redor do mundo. Mas naquele
momento, Milton Bilderberg, se sentia desarticulado. Enfim, Sidônio Silício deu
prosseguimento, ainda mais incisivo, e respondeu a pergunta que havia feito com
uma certa ironia.
Aproveitando
a brecha deixada pelo seu interlocutor.
_ Seria o Hal 9000?
Traduzindo
suas palavras que não chegaram a ser mencionadas, mas estavam nas entrelinhas,
quis dizer que Bilderberg deveria ter uma mente condicionada e que isso o
tornava previsível e revelava sua ingenuidade intelectual ao acreditar em uma
sugestão e deixar de pensar, de questionar e, acima de tudo, aceitar como sendo
realidade a verdade de outra pessoa.
9.
Max
Melvedeck era uma boa pessoa. Um cara humano, prestativo, sempre disposto a
ajudar o próximo. Todos gostavam dele. Era o típico boa praça. Não havia nada
que o desabonasse. Tão pouco alimentava rancores ou pensamentos negativos. Max
praticava esportes radicais. Sendo o montanhismo sua especialidade.
Inclusive,
prestava serviços, como parte de uma equipe de resgate em casos de emergência.
Só que neste dia, o inevitável aconteceu. Era para ser algo simples. Três
adolescentes não tomaram as precauções necessárias. Detalhe: chovia muito.
Enfim, ocorreu um acidente.
Susana
Sullivan, sua namorada, fica sabendo do infortúnio. As primeiras informações
diziam que ele teria perdido parte de sua perna, abaixo do joelho direito. Por
incrível que pareça, o Doutor Silício também tem conhecimento do ocorrido. Isto
porque Susana trabalhava como sua assistente. Inclusive era tratada como
Senhorita Sullivan no laboratório.
Sú, como
Max a chamava na intimidade, havia começado como uma estagiária alguns anos
atrás. Coincidentemente, quando começaram as pesquisas do Doutor Silício sobre
o genoma humano.
Provavelmente,
devido a isso, o Doutor Silício oferece o protótipo da cyberleg, uma perna
cibernética para restaurar o corpo de Max. Em um primeiro momento, a Senhorita
Sullivan não tinha como agradecer, estava encantada com tamanha gentileza do
seu superior imediato.
Max havia
sido levado para o hospital com o diagnóstico de morte cerebral. No entanto,
como sua namorada, Sú, não queria aceitar a morte como resultado. Mas aquele
incidente caberia como uma luva para os planos do Doutor Silício.
Então, com
a cyberleg e a implantação de um neurochip, Max, vira um ciborgue e o
neurocientista,Doutor Silício, fica admirado e a partir daí passa a passa a
planejar uma nova sociedade. Susana é promovida. Mas, no entanto, seus valores
morais colidem com os planos que foram encampados pelo bilionário Milton
Bilderberg da indústria farmacêutica e que mais tarde se torna o controlador
acionário majoritário de uma mega holding corporacional.
Acontece
que Susana começa a perceber que existe algo por trás de tanta gentileza. O
Doutor Silício, apesar de toda educação, não estava sendo sincero. Após algum
tempo notou que seu chefe não seguia muito seus princípios morais. Isto a
deixou incomodada. Inconscientemente começou a levantar suspeitas sobre os
planos nefastos do Doutor Silício.
A Senhorita
Sullivan passa a ser espionada. O que a deixa , literalmente, com a pulga atrás
da orelha. Mas, finge fazer vista grossa. Sú comenta isso com o , reconfigurado
,Max . Mas, seu namorado não a leva à sério. Talvez pelo fato de ainda estar
deslumbrado pelas novas possibilidades tecnológicas de seu corpo.
Na sua
visão , ou pela nova ótica de um ciborgue, não deixando de ser ingênua,
acredita que Sú, sua namorada está ficando paranoica. Talvez , possivelmente
tenha sido induzido, no fundo chegue a pensar que se trata de ciúme.
Assim,
nessa linha de raciocínio, inconscientemente, ventila a possibilidade de que
ela esteja com inveja das vantagens que agora possui. Afinal, agora ele era um
ciborgue. Só que ela não comunga deste mesmo pensamento ainda não manifestado.
Max, tudo
indica que por causa disso, acaba se distanciando de Susana e se vê envolvido com
uma mulher misteriosa que lhe chama a atenção. Ele, Max Melvedeck, não sabe o
motivo desta forte atração. No entanto, o nome dela é Synthia.
Só que
havia um detalhe que Max desconhecia. A deslumbrante, sensual e sedutora
Synthia, na verdade, era o primeiro ser sintético criado pela BIOTECH, a
empresa que o neurocientista Sidônio Silício montou com o auxílio financeiro de
Milton Bilderberg. Tão pouco lhe passava pelo pensamento que mais tarde, a
BIOTECH, viria a ser a materialização do seu medo, do seu pior pesadelo.
Talvez o
nome correto para explicar o que Susana Sullivan sentia fosse mesmo
pressentimento. Aos poucos e dolorosamente, para sua aflição e desgosto, Sú
estava percebendo que existia algo que de certa forma não se encaixava direito.
Por causa disso, provavelmente, ela acaba desaparecendo do mapa.
10.
Depois de
algum tempo quando todos se esquecem de Susana, Max se envolve com Synthia e,
devido à isso, não acredita no que, realmente, está acontecendo. Mas, talvez
por causa de um curto circuito, desperta de sua ingenuidade. Então, a ficha
caiu. Há algo de errado no laboratório do seu neurocientista predileto. A
partir daí tenta buscar a verdade sobre o sumiço de Susana. Inclusive, fica corroído
pelo remorso.
Então,
começa a lembrar das coisas que ela, a doce Sú, lhe falava. Em sua busca, após
despertar do seu deslumbramento inicial , descobre que o Doutor Silício, a
frente da BIOTECH, do arquibilionário (a cada episódio fica mais rico) Milton
Bilderberg, está brincando de ser Deus.
Quando Max
toma consciência da realidade já é um pouco tarde. Pois Susana já está
desaparecida o que o deixa impotente diante do fato de que todo o tempo ela, a
doce Sú, estava falando a verdade. No entanto, a BIOTECH também fica sabendo
quando Max, despertado da ilusão, levanta suspeitas sobre as reais intenções
dos novos donos do poder.
Isto ocorre
porque ele é um ciborgue. E tem um neurochip implantado em seu cérebro. Assim,
todas as suas sinapses e em decorrência disso, seu pensamento, não é segredo
para BIOTECH. Aliás, todo este tempo, Max, fora uma cobaia.
O ciborgue,
agora, rebelde, passa a ser perseguido como sendo o suposto assassino de Susana
Sullivan. Mas não havia corpo, nem ao menos suspeitas que o incriminassem. Mas
isso não era problema algum. Pois agora Max Melvedek era o alvo. Algo que
deveria ser destruído. Mas antes deveria ser preso para que a BIOTECH tivesse
novamente seu protótipo de cyberleg e o neurochip implantado em seu cérebro.
11.
Max não tinha
o conhecimento de que era um produto da BIOTECH, assim como sua cyberleg.
Também não tinha noção do que estava acontecendo. Afinal, o seu acidente havia
acontecido no passado, em algum lugar do distante, e já inexistente, século XX.
No entanto, ficou em coma por muito tempo. Durante este hiato muita coisa se
modificou.
Susana Sullivan, sua namorada, desapareceu.
Mas quando ele retornou à vida como ciborgue isto já havia ocorrido. Acontece
que a impressão que tinha, em sua lembrança, era que sua companheira estava ao
seu lado. Só que na verdade era apenas uma memória que, de fato, nunca existiu.
O mundo pós humano era a nova realidade em que estava inserido.
Provavelmente,
as lembranças que ainda tinha de Susana, falsas memórias, seriam mensagens do
seu inconsciente que lutava contra a máquina que dominava seu corpo. Passou a
se relacionar com Synthia, o primeiro ser sintético, e por isso teve a
impressão que tudo estava indo bem. Mas nem tudo eram flores holográficas.
A humanidade, enquanto raça, já havia sido
descartada. O que restou da população passou a ser controlada por neurochips e
membros cibernéticos produzidos, em escala industrial pela BIOTECH. Max
Melvedeck, o ciborgue rebelde, passa a ser perseguido pelo sistema dominante.
Era mais do que uma questão de honra tê-lo novamente sob os domínios da
BIOTECH.
Afinal,
aquilo intrigava o Doutor Silício. Por que Max Melvedeck, após um certo
período, voltava a questionar? Seria alguma falha na programação? Por que Max
insistia em ter um pensamento crítico? Então, Max passa a fugir dos robóticos
com tentáculos que assumiram o lugar antes ocupado pela polícia.
O confronto é inevitável. Ele acaba cercado,
mas não se considera vencido. Seus instintos primitivos falam mais alto e parte
para a luta corporal com os robóticos. Max leva a pior, afinal eram muitos e
com tentáculos que lembravam uma quimera, mas mesmo assim não é capturado. Após
este embate acaba sendo salvo por um grupo de dissidentes que o encontram
desacordado após fugir dos seus implacáveis perseguidores.
12.
os o
Confronto com OS SEUS robóticos e tentáculos, Max Melvedeck, FICA desacordado.
QUANDO OS recobra sentidos FICA sabendo Que foi salvo Por Um grupo Formado POR
ciborgues e Seres Sintéticos rebeldes. Detalhe, este grupo Não Tem Mais Consciência
fazer that e Um Ser Humano. A Inteligência artificial representada Pela BIOTECH
havia deletado a Humanidade e como Memórias Todas SUA. ASSIM, sem Vestígios da
cultura ficou Mais Fácil estabelecer Uma nova sociedade. A sociedade dos
ciborgues.
Sem entanto
Uma parte destas Máquinas that AINDA traziam Alguns Elementos Orgânicos tentam
resgatar algo that Aparentemente, cabelo Menos Nesta nova sociedade, Nunca
existiu. Afinal, Não havia Informação Alguma. De: Não havia Nenhum Arquivo OU
dado that anteriormente, as antes da BIOTECH, existisse Uma Outra Civilização.
Mas de Alguma forma, Estes dissidentes, tiveram Acesso à poesia. Sem Caso, Uma
série de poemas de hum autor desconhecido that levava o Nome de "Anjos
góticos". O conteudo destes poemas, em versos, promoviam um Emoção e Meio
POR dela conseguiram se libertar da opressão maquínica.
O grupo de
dissidentes São considerados Como bioterroristas e liderado E POR Lady Lua. Mas
ESTA E na Verdade Susana Sullivan. Su, Ao Longo do Tempo, usou SEUS
Conhecimentos e se adptou uma Realidade sintética nova. Entao AOS poucos, Max
toma Conhecimento Dessa nova Realidade e com hum novo implante, substituindo o
Que era monitorado, Passa um Lutar contra o Sistema Operacional vigente e SEUS
Novos Agentes de Segurança that São Seres robóticos acrescidos de terríveis
tentáculos that causam Violência e inflingem terror na População Que Ousa Sair
dos Trilhos propostos Por uma Administração autoritária e elitista. Max acaba
desempenhando Bem Seu papel de Líder rebelde ao Lado de Lady Lua.
Os
rebelados Vivem em Uma Comunidade em Uma zona Autônoma e longe dos tentáculos
do Sistema. Éles se tornam Invisíveis, Por Meio da Tecnologia, AOS Sensores Que
varrem Tudo É SABEM de Tudo sobre todos. E UMA Guerra de hackers no Futuro.
Nas áreas
de convivência da Comunidade ocorriam festas celebravam Que o Espírito humano,
apesar de existirem poucos Humanos de Fato, estavam Praticamente extintos, mas
Era Uma especie de rituais e Celebração que apelidaram de raves. E foi em Uma
Desses momentos de descontração e Diversão that Max reencontra Synthia.
Como ELA
foi o Primeiro Ser sintétito OS Outros Que se seguiram São de Uma Certa forma
Uma Cópia dela that continua tendão hum ligação com a MESMA POR Meio de Uma
Frequência. ASSIM ELA acaba seduzindo fácilmente, Mais vez uma, o ciborgue Max.
Não entanto, com Os Novos Eletrodos that were implantados ELE anula a
Transferência de Informação Sobre o FUNCIONAMENTO da Guerrilha digital.
MESMO
ASSIM, Synthia, AINDA consegue induzir Max Melvedeck Ao Erro. ASSIM, OS enviar
acaba por "Anjos góticos" para Uma cilada Onde São trucidados Pelos
robóticos e SEUS terríveis tentáculos. Ao Tomar Conhecimento fazer trágico FIM
dos SEUS Aliados, Lady Lua e Max, partem PARA O ataque. Lady Lua determinação,
ENTÃO, SUAS Diferenças em hum combate Corpo a Corpo com Synthia.
Já Max
Melvedeck em SUA investida contra o Doutor Silício EO arquibilionário Milton
Bilderberg, Descobre, parágrafo Seu assombro e espanto, that NÃO Passam de
Hologramas. Portanto, tratavam-se de frutos de Uma Ilusão elaborada Pela
Inteligência Como conhecida artificial Máquina Pensante.
ENTÃO ELE NÃO
PODE Percebe that deixar Lady Lua Destruir Synthia e NEM that this destrua
Susana Sullivan. ASSIM, ELAS Terao that juntar SUAS Forças Para Que possam
viver pacificamente OU partirem Pará uma Violência e autodestruição.
FIM
...
O Mundo Pós Humano de "Sociedade dos Ciborgues"
Hans Moravec é um dos autores que nos inspiraram para escrever
“Sociedade dos Ciborgues” http://tecnocibernetico.wordpress.com/2011/04/04/
. Em 1988, Moravec, escreveu “Mind
Children” que fala sobre um futuro com máquinas inteligentes. Detalhe, não é um
livro de ficção científica, mas sobre a possibilidade real que isto se torne
possível.
Já em nossa novela de ficção
científica, “Sociedade dos Ciborgues” http://tecnocibernetico.wordpress.com/2011/04/04/sociedade-dos-ciborgues-o-mundo-pos-humano-de-carlos-pompeu/ , se é que podemos tratá-la assim, temos como
realidade o mundo pós-humano. Esta temática já foi levantada em Cibercultura#5 http://tecnocibernetico.wordpress.com/2010/07/27/cibercultura5/,
onde mencionamos o movimento pós humano e a informatização da sociedade.
No texto citamos o filósofo Nick Bostrom http://tecnocibernetico.wordpress.com/2011/04/23/nick-bostrom-o-filosofo-de-oxford-que-defende-que-a-engenharia-genetica-pode-ampliar-os-limites-fisicos-e-mentais-do-ser-humano/
, cujo receio está relacionado com a inteligência artificial. Ou seja, máquinas
inteligentes, pode ser perigosas. O mesmo tema também é tratado em Cibercultura
#15 http://tecnocibernetico.wordpress.com/2010/11/04/cibercultura-15/ no texto já comentávamos que os
transtropianos já idealizam a vida longe do corpo humano. Possivelmente em um
hardware ou outro tipo de suporte.
Hans Moravec, nasceu em 30 de
novembro de 1948, em Kautzen, na Áustria. É Cientista Diretor do Instituto de
Robótica da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos. Moravec sempre acreditou em máquinas capazes de raciocinar. Com apenas 10
anos já havia construido seu primeiro
robô. O mais incrível é saber o material utilizado. No caso, latas, baterias,
luzes e um motor.
Este tema também, que envolve os transtropianos e o mundo pós humano
também é citado em Cibercultura # 12 http://tecnocibernetico.wordpress.com/2010/09/30/cibercultura-12/
, onde citamos Francisco Rudiger, autor de "Cibercultura e Pós
Humanismo" , um livro de ensaios que trata sobre este questionamento da
vida além do humano.
“A Filosofia dos Ciborgues”
O pós humanismo é uma
realidade que diz respeito aos ciborgues. Seres que associam a máquina ao
organismo humano. Inclusive, hoje já se discute a possibilidade de se continuar
a viver com a mente fora do corpo humano.
O que já foi considerado como especulação da ficção
científica, agora pode ser considerada uma realidade plausível. Tanto que o
filósofo Nick Bostrom http://tecnocibernetico.wordpress.com/2011/04/23/nick-bostrom-o-filosofo-de-oxford-que-defende-que-a-engenharia-genetica-pode-ampliar-os-limites-fisicos-e-mentais-do-ser-humano/ é
favorável à esta nova tendência. Ou seja, modificar o DNA humano para se
usufruir os benefícios da tecnologia.
No entanto, o futurologista Ray Kurzweil tem outra maneira de
pensar. Ao contrário, de Bostrom, Kurzweil antevê avanços tecnológicos a partir
da inteligência artificial.
Todavia, cabe buscar uma outra opinião. Assim temos Andy
Clark, outro pensador, que também trata do pós humanismo http://tecnocibernetico.wordpress.com/2011/04/22/o-mundo-pos-humano-de-sociedade-dos-ciborgues-de-carlos-pompeu/ ,
mas seu ponto de vista quebra paradigmas.
Para Andy Clark, enquanto humanos, não precisamos de
implantes ou de chips para sermos considerados ciborgues. Tão pouco teríamos
que nos fundir à máquinas ou nos transformar em uma espécie de computador de
última geração.
Isso
tudo por um motivo bem simples: já somos ciborgues. Segundo Andy Clark, isso
ocorre porque o ser humano sempre incorporou ferramentas que ampliam o poder do
seu intelecto. É por isso que o filósofo Andy Clark afirma em seu livro,
“Natural Born Ciborgs”, que nós, enquanto seres humanos, existimos “como coisas
pensantes que somos, graças a uma complexa dança de cérebros, corpos e muletas
culturais e tecnológicas”
A frase do título acima faz
referência a Jorge Benjor. No original a menção era aos alquimistas. Revelada a
fonte, podemos apressar o passo para adentrarmos no ritmo veloz da dinâmica
contemporânea. Onde tudo é high tech e nada é estar fora da web, é ficar
desconectado. Pois bem, na verdade, os ciborgues, já chegaram. Eles estão entre
nós. Talvez o “Homem de seis milhões de dólares”, do seriado de TV dos anos 70,
inspirado na obra de Michel Caiden, tenha sido o protótipo.
Mas como você definiria um
ciborgue? Segundo Donna Hathaway, autora do manifesto ciborgue, trata-se de um
organismo cibernético, um híbrido de máquina e organismo, uma criatura de
realidade social e também uma criatura de ficção. Então, de acordo com esse
conceito, somos todos quimeras, híbridos teóricos e fabricados. Enfim, somos
ciborgues. Já nos adaptamos a essa nova realidade. Inclusive, em nosso dia a
dia, já utilizamos próteses.
Sem dúvida, o uso da tecnologia
transforma a condição humana. Ao longo dos tempos o homem sempre se utilizou de
artifícios e ferramentas para moldar o mundo a sua volta. No entanto, atingimos
um patamar até então não vislumbrado. Por exemplo, o pós humanista, Max More,
acredita que a humanidade é uma etapa temporária no caminho da evolução e cabe
a nós, enquanto humanos, acelerar esse processo.
Esse pensamento, é recentemente
novo, por isso, pode soar um tanto estranho. Pode até parecer história de
ficção científica. Mas é , hoje em dia, um movimento sólido que tem sua atuação
pautada por uma entidade, a WTA (World Transhumanist Association)que defende e
propaga essa ideia. O movimento, em si, é futurista e utópico. Surgiu na década
de 1980, em meio a toda efervescência dos yuppies, e tinham como ponto em comum
a recusa dos dogmas.
Naquela época e com este
discurso parecia uma atitude punk. Seguindo esse raciocínio, podemos
afirmar que tinha um certo apelo romântico. No entanto, com aquela história
descrita pelo Paulo Coelho, do “cuidado com o que deseja que você pode
conseguir”, prefiro adotar a cautela. Por uma questão de ética.
Em resumo, os pós humanistas desejam
ampliar as faculdades físicas e mentais. Algo como ocorre no filme MATRIX. O
programador de computador Thomas Anderson toma a pílula vermelha,ofertada por
Morpheus, e como o hacker-messias Neo adquire sabedoria, conhecimento e prática
de artes marciais, como o Kung Fú de Bruce Lee, por meio de downloads. Cá
entre nós, essa ideia é uma verdadeira tentação, não é mesmo? Imagina baixar,
em questão de minutos, todo tipo de informação que desejamos em nosso
cérebro? Nesse dia, que talvez o futuro nos reserve, teríamos que encontrar
outra função social para as escolas e instituições de ensino.
Todavia, apesar do fim do mundo
já ter data e, em alguns casos, até hora marcada, é bom deixar a vida em banho
maria. Afinal, até que se prove o contrário, o destino é imprevisível.
Inclusive, surfando neste ponto de vista, pode eventualmente surgir uma
alternativa mais viável ou até mesmo mais ponderada.